Isso não te pertence mais
Sempre fui uma pessoa independente. Eu diria beeeeeeeeem independente. Mesmo que meus pais sempre estivesse por trás, eu queria sentir o cheiro da liberdade e, inconscientemente, acreditava que era livre, que fazia o que bem entendia, que era dona do meu próprio nariz. Desde pequena eu era assim. Nariz empinado, escolhia minhas próprias roupas, o penteado do cabelo e os acessórios. Por conta disso, minha mãe me apelidou de árvore de natal, pois sempre tinha um anel em cada dedo das duas mãos, além de colar, brinco e pulseira. Ah, sem falar nos penduricalhos que colocava no cabelo. Me lembro de um dia, quando havia um desfile em um clube em Americana (cidade que morei por anos), que eu fiz um escândalo porque não tinha (mentira!) roupa para vestir. No alto dos meus dez anos, eu achava que precisava de uma roupa nova para usar no evento. Briguei feio com minha mãe e ela me obrigou a ir com um vestido verde cheio de babados e sem nenhum acessório. Nem preciso dizer que passei o desfile todo me escondendo das pessoas para não ser reconhecida com uma roupa que eu não tinha escolhido.
Pois bem, tudo isso é para dizer o quanto eu detesto depender de alguém. Essa independência, que me acompanha desde a infância, é uma característica muito forte e eu acredito que, em muitos momentos, foi um excelente qualidade para eu chegar onde cheguei.
Porém, no atual estado gravidístico que me encontro, ser independente é algo que não me pertence mais. Iniciando o terceiro mês, depois do susto da última semana, entendi que a gente não pode querer ser independente pra sempre. Por um período da sua vida eu penso que essa característica é importante (se não for fundamental) para conquistar os nossos sonhos e objetivos. Foi assim que cheguei onde hoje estou e alcancei muitas metas e desejos.
Mas agora, que não tenho mais poder sobre meu próprio corpo, sinto que cada vez mais preciso dos outros (leia-se marido). Encher as garrafas de água? Ele enche. Mudar a temperatura do chuveiro? Peço pra ele fazer. Ir ao supermercado comprar algumas coisinhas? Ele vai, pois não posso pegar peso. Dirigir? É melhor que ele faça….. enfim, tudo o que eu sempre fiz até hoje, sei lá se poderei voltar a fazer um dia. Talvez o faça, mas vai levar um tempo para eu ser uma mulher quase independente de novo. Porque, totalmente independente, como eu já fui um dia, dificilmente poderei ser.
E isso não é algo que me preocupa. É apenas mais uma das mudanças que a maternidade já provoca dentro de mim. Uma mulher que um dia já foi completamente independente, mas que hoje é muito feliz ao precisar pedir ao marido ajuda para fazer coisas simples do dia a dia.
11 comentários:
Oi, Priscila! Tudo bom? Esses dias escrevi um texto sobre independência, falei (com menos experiência, acho) sobre como eu sempre fiz questão de ser assim e como é difícil pra gente pedir um colo, uma ajudinha, de vez em quando! Mas enfim, aproveita isso, porque é muito bom, hehehe Parabéns pela gravidez! Tudo de bom!
beijos =***
Pri, que texto incrível!! Lindo. Corajoso. Sensível.
Sabe, também sou A Independente... e com 27 aninhos (não conta pra ninguém!), me vejo em 15500 conversas com amigas sobre a maternidade... tremo em todas elas e vc soube traduzir em palavras esse meu medo: perder a independência. E numa cajadada só 'fabricar' um serzinho que será absolutamente dependente de mim por anos. Ui, me assusta, viu?!
Ainda não cheguei à conclusão nenhuma, mas poderei somar mais um ponto de vista as minhas ideias.
Bjoks!
Oi Pri!
Já fui muito vaidosa também... e era uma criança independente. Hoje continuo vaidoso, mas de forma completamente diferente - hoje não uso nem brincos! Mas adoro cuidar dos cabelos, da pele... Sou uma mulher dependente de companhia do meu marido e da nossa filha. Não sei passar um dia sem eles e espero não precisar aprender.
Beijos,
Talita.
Que post emocionante!
Adorei, Pri.
Espero um dia ficar como você.
Beijos,
Mari
Pri, é um momento de entrega...repleto de muito amor.
Concordo com a Mari, um post emocionante!
Beijos
Olá!
Convido você a visitar o blog http://inspiracoesmatinais.blogspot.com , ler e comentar o que achou...
A ser uma seguidora e amiga também... Te espero lá.
Um grande abraço.
http://inspiracoesmatinais.blogspot.com
Mana, e olha soam, esse trem de nao carregar peso e nao poder fazer nada é so na primeira gravidez, a gente fica de cristal, na terceira...serviço pesaaado, kaka.
Vai ficar tudo bem, tentei comentar la no teu blog e nao deu, qualquer coisa me add lunbrasil@hotmail.com
Lindo !!! Pura realidade !!!
beijim e boa sorte !!!
(ps: é gostoso tb fazer uma manhazinha quando estamos grávida...rsrsr)
beijim
Pri, no MEU caso eu perdi a independência só quando saí da maternidade, e fui comunicada que não deveria dirigir nos próximos 40dias, nem pegar peso, nem isso nem aquilo.
Na minha opinião é bem melhor fazer como vc está fazendo, "digerindo" essas limitações em doses homeopáticas.
No meu caso, como passei muito bem a gravidez e tals (graças a Deus), eu só me dei conta que não era mais tão free quando cheguei em casa. E foi muito ruim.
Se me permite opinar, faça isso mesmo. Vá delegando e se deixando levar um pouco, e você vai ver que no fim das contas as pessoas gostam e sentem prazer em ajudar, além do que saber receber agrado é uma arte tambem!
Bjo querida
Meninas, é muito bom descobrir que a gente pode contar com os outros para algumas coisas na nossa vida. Como eu escrevi no texto: eu acredito que é importante ser independente em determinada fase das nossas vidas, para conquistar tudo o que queremos. Porém, em outras (a minha atual) é bom saber que podemos pedir colo, pedir ajuda e dizer que não conseguimos fazer isso ou aqui. E, como disse a Jane, fazer em doses homeopáticas, para não sofrermos tanto, é melhor ainda!!
Adoro minha independência, mas estou adorando descobrir que posso dividir muitas tarefas com outras pessoas.
Beijocas em todas!
Pri, não esquenta! Palavra de mãe(2 vezes). A gente fica dependente na gravidez, mais dependente ainda no pós-parto, mas depois a gente vai voltando a ser independente. Os meus já estão bem grandinhos,e ganhando a própria independência. E eu, por consequência, cada vez mais, reconquistando a minha.
Beijos
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