sexta-feira, 4 de julho de 2008

Papel manteiga para embrulhar segredos

Falei recentemente do livro aqui e da minha admiração pela autora, Cristiane Lisbôa.Todos os dias, já virou um ritual, passo pelo blog dela e faço um aconchego pra minha alma.
Comprei o livro e li em 2 dias, mas poderia ter lido facilmente em 2 horas ou menos. O livro já é conhecido de todas vocês, tenho certeza, mas talvez ainda não tenham se dado ao prazer de viajar no tempo e no espaço através da relação encantadora das personagens que a cada página vão se tornando mais reais. As cartas enviadas por Antônia a sua bisavó e a relação com a sua mestre, juntamente com as receitas simples e delicadas fazem desse livro uma leitura mais que obrigatória.
A impressão que fiquei depois de lida as cartas de Antônia é que preparar um pão com manteiga vai além do simples ato de passar a faca melada na massa. Agora, imagino poesia e dedicação, o que tornou o ato de cozinhar muita mais prazeroso.




[...] como se para ser uma mulher moderna eu precisasse mentir que não gosto de panos de prato. Entendo que o sexo é político, abomino mutilações como as que acontecem em algumas tribos africanas e, claro, sou a favor de algumas coisas que ela defende, mas Bisa, minha luta é outra. Mulheres não precisam ser masculinizadas para que exista respeito. Em momento algum é preciso fingir que não temos, lá dentro, um sentimento arcaico de servir sabor a quem amamos. Isso não me diminui, não diminui ninguém. Apenas nos afasta. (Cristiane Lisbôa. Papel manteiga para embrulhar segredos. p. 49)



Há uma linha tênue que separa a ficção da realidade. Ficar em cima dela pode ser perigoso. Ou uma delícia. Em seu terceiro livro a escritora Cristiane Lisbôa ficou com a segunda opção, ao contar a história de uma moça que foge de casa para estudar gastronomia na casa (e também restaurante) da renomada e excêntrica chef, Senhorita Virgínia. E acaba descobrindo que gosta mesmo é de comida, fogo e aromas. Exatamente nesta ordem. O romance é contado através de cartas que a protagonista Antônia envia para sua bisavó. Não há datas, não se sabe exatamente onde ela está e as receitas são sumariamente contrabandeadas através destas cartas. O livro conta com 65 receitas assinadas pela gastrônoma Tatiana Damberg. No cardápio estão delícias da culinária internacional e vão desde uma simples sobremesa como 'ambrosia', passando por acompanhamentos como 'batatas gratinadas', até sofisticados pratos principais como 'guisado de cabrito com anis estrelado' e 'omuraisu com nirá', emprestado da culinária oriental.

1 comentários:

Marina 18 de julho de 2008 às 21:36  

Eu amo esse livrinho! Tão doce!
Já li mais de 5 vezes! rssss!
D aprimeira vez foi devorado em 1 dia! kakakakaka
Bjs

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