Hoje publiquei esse texto no Manga com Pimenta e achei que não poderia faltar no Prendadas. Só um PS, não vou deixar a Nana Menina no armário a pedidos dos meus leitores do lado de lá.
Lembro perfeitamente quando estava prestes a completar vinte anos, começando a minha carreira profissional em uma companhia aérea no departamento de atendimento ao passageiro, cursando o terceiro ano de comunicação, morando pela primeira vez de favor e sem os meus pais. Não tinha tempo para respirar, já que precisava estudar de manhã, trabalhar a tarde até a noite para pagar a faculdade e estudar de noite para passar no ano letivo.
Logo fui promovida para seleção de estagiários e comecei a usar uniforme. Todos os dias eu me maquiava, colocava a meia calça, o salto alto e prendia o cabelo para o ínicio de um novo dia. Eu adorava quando o tempo esfriava e poderia usar o sobretudo.
Imaginem o luxo que era usar uniforme, mas não fiquei tão bonita assim, principalmente depois de escutar uma frase sem graça de um colega de trabalho "vocês parecem comissárias aposentadas".
Tirando a parte do uniforme, lembro como eu não ligava para minha aparência, não tinha tempo e nem dinheiro para isso, todo o meu dinheiro ia para faculdade e condução do serviço. Nessa época começou as minhas primeiras baladas gratuitas e viagens entre amigas, paqueras sem futuros, noites sem dormir e copos de cafés para manter acordada.
Eu era uma criança com 20 anos que não sabia se comportar, falava alto e não tinha papas na língua. Quase perdi o meu emprego por ter mandado uma colega de trabalho a China, por ela ter aprontado comigo no departamento.
Lembro perfeitamente com 20 anos para 21, fui promovida para o Departamento de Comunicação da mesma empresa, conheci gente bacana e que apostaram em mim. Aprendi abaixar o tom da minha voz, ser discreta e relações públicas.
Não tinha uma pessoa dentro daquela imensa empresa que não me conhecia e não se apaixonava por mim. Tinha setores que os gerentes me convidavam para fazer parte da equipe, caso o meu chefe fosse me dispensar. O que era impossível, quando eu pedi demissão, ele não queria assinar a carta de dispensa. Eu sai com 24 anos de idade do meu primeiro emprego (empresa), com muitas lágrimas nos olhos, saudades, abraços e choros de colegas de trabalho.
Mas logo veio a avalanche dos 20 anos, emprego novo e pessoas novas.
Pessoas que não aceitavam o caminho que eu tinha escolhido, de eu querer crescer profissionalmente e de não sair com elas fora do meu horário de trabalho... a primeira demissão você nunca esquece. Lembro da ex-chefa falando que não se sentia bem por eu ser casada e não ter o meu tempo exclussivo para empresa, por esse motivo eu não me encaixava na empresa. Mas pagar hora extra e outra coisitas, ninguém queria e faziam bico para sair assobiando.
Lembro de como não estava feliz trabalhando por lá, apesar de trabalhar na minha formação, era uma empresa pequena aonde o dono não queria crescer. Nesse momento aprendi a lidar com meus sentimentos, outra depressão me acompanhava e o terceiro emprego chegou.
Sempre entrei numa empresa motivada a crescer e mais uma vez vi que ali não sairia nada. Hoje estou no meu quarto emprego e sinto que ainda que não acertei a empresa ou emprego ideal para mim.
Hoje eu me sinto preparada a ser mulher, colocar realmente o salto alto ideal e viver o meu mundo. Nos meus 20 anos, eu apenas digeri, deixei morrer afogada na praia, engolindo litros e litros de água para sobreviver e esquecendo de mim como pessoa e mulher. Mas tudo valeu como aprendizado e sem nada disso, eu não teria crescido.
Faltando 21 dias para os meus 30 anos, quero deixar a Nana menina guardada em uma caixa florida dentro de algum armário da vida e começar uma nova história de vida da Nana mulher, ser egoísta e ao mesmo tempo gentil. Agora chegou o meu momento de criar receitas novas para a minha vida e deixar rolar tudo de bom que está para acontecer.
Nem que seja em algum botequim paulista preparando petiscos para tomar com cerveja ou em uma empresa de comunicação sendo comunicadora, apenas quero vencer, viver esse desafio e ser feliz.
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